sexta-feira, 9 de agosto de 2019

"LA PUERTA ABIERTA"

CENA 1: por volta das 13h, “O Bruxo” passa alegre e fagueiro com “O instrumento – mui amigo da onça” (a letra i, intencional e estrategicamente, é minúscula em virtude do objeto-sujeito). “O Bruxo” - não que mereça as maiúsculas, mas em nome da antítese em relação ao objeto-sujeito - pensa transitar livremente pela tribo, a seu ver, inferior. Sente-se superior a tudo e a todos.

CENA 2: não contava a dupla com um detalhe: la chouette estava no pedaço. A todos observava. A porta aberta. Olho vivo. Vazio tétrico. Constrangimento. O poder místico da coruja: mistério, inteligência, sabedoria, conhecimento.

CENA 3: “O Bruxo” e “O instrumento” passaram horas confabulando as quatro operações. Aquele com suas falácias. Este com os cálculos. Nessa hora, la chouette quisera ser uma mosca socrática espiã. Porém, dada a previsibilidade da maldade da dupla, la chouette e sua amiga “A Defunta” (aquela que morreu para Neverland e vive para suposta nova land) conseguiram deduzir o ponto de chegada da profana comédia mundana.

CENA 4: depois das 16h, “O Bruxo” e “O instrumento” deixaram a toca. O preceito bíblico se cumpriu: “Não há nada encoberto que não venha a ser descoberto”. A dupla se foi. La chouette cerrou a porta da cela.


Texto adaptado: PRINCÍPIO DO FIM.
Arte em vinil e fotografia: Ana Paula Gomes. Ago.2019.

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