Democracia, redes sociais, notícias falsas. O assunto suscita severas querelas ideológicas. O pluralismo constitui essência e vulnerabilidade do jogo democrático. Antigas, modernas ou pós-modernas, as democracias repousam no preceito antropocêntrico - sua grandeza e mediocridade.
O
humanismo inspirador de todas as democracias implica paradigma
imperfeito. Para vivenciá-la, erige como
imprescindível maturar a liberdade-autonomia e a
liberdade-participação. Há que se levar em pauta as vontades
opostas. Por esse prisma, o processo comunicativo, mediado pelas
redes sociais, facilita-se em tese.
Não
se trata, contudo, de processo simples, mas complexo, plural e de
riscos em contexto histórico de limitação da vontade geral pelos
ditames dos direitos humanos e pelo primado da vedação ao retrocesso.
Abertura,
transparência, premiar a meritocracia e eleger estratégias
comunicativas são desafios constantes.
Novas
práticas e aberturas mentais na democratização da informação e
da produção do conhecimento (a partir de interações do sujeito
com os objetos cognoscíveis físicos e/ou culturais) são mais
que desejáveis, o que demanda esforços convergentes à inibição
das notícias falsas. Por fragilizarem os canais de accountability,
acarretam falhas de governo e não podem ser olvidadas.
A
democracia - “vaca sagrada” do mundo ocidental – deve
estar a serviço da oferta de justos pontos de partida aos atores
sociais, cabendo o ponto de chegada ao livre arbítrio de cada um. A
educação (formativa, informativa e para a moralidade) desponta como
fator positivo de higidez sistêmica preventiva. Paralelamente,
claro, devem ser estabelecidos mecanismos normativos cíveis e penais
repressivos.
Diante
do exposto, não é razoável compreender a democracia contemporânea
como inexoravelmente
ameaçada
pelo fenômeno das redes sociais e das notícias falsas. Pensar dessa
forma seria dotar as redes sociais e o próprio processo comunicativo
de superpoderes destrutivos planetários e civilizatórios.
Desnecessária, pois, ginástica interpretativa para ver o óbvio: o
sujeito histórico precisa ser resgatado enquanto ser humano. Urge
refletir criticamente no país dos absurdos – o Brasil.
👋
Editorial de autoria da professora Ana Paula de Oliveira Gomes.
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