VALE DAS SOMBRAS
Quatro conjuntos essencialmente
disjuntos tomaram assento na barca dos infernos. O primeiro,
unitário, posicionou-se à frente. Comporta-se como o supremo
comando planetário. Com dicção sofrível, sente-se “O
Intelectual”. Mesmo que o fosse, mérito há em ser o melhor entre
o pior?
O segundo conjunto localizado
está no extremo oriente. Pelo menos, apercebe-se da insólita
situação. Sete elementos sobrevivem ao caos, entre eles, existe um
com profana santidade. O 7º elemento?
O conjunto do extremo ocidente
acredita piamente no saber encenado mediante jogo utópico de
figuração. Não lê, não pensa, não age. Somente a má vibração
invade uma ação insciente de seis mortas “caras” cujo símbolo
maior é o café morno.
O último conjunto (que jamais
cumprirá o santo preceito) no centro pensa estar. O resto
rastejante, distante de qualquer lógica aristotélica,
caracteriza-se
pela finita e inescusável railway.
Ao pronunciar três vocábulos, dois são “rolés”. Admite a
conjugação do verbo “coisar”. Demônios
nitidamente possuídos pelos habitantes das trevas e dos corações
perdidos.
Caronte percebeu a
impossibilidade fática de conduzir a massa ao Hades. A barca
estreita poderia sofrer inexorável avaria pelos tormentosos e
fúnebres passageiros. Naquele rio dos infernos, clamar
pela paz seria deflagrar a guerra. A diáspora despontou como a única
alternativa crível em meio às ignotas sombras vagantes rumo ao
ocaso do fim dos tempos.
Professora Ana Paula de Oliveira Gomes
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